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terça-feira, 7 de dezembro de 2010


Missão e perseguição

Em conversa com alguns irmãos que participaram na recente Convenção de Colportores Evangelistas que decorreu na Áustria, contaram-me acerca do trabalho que vem sendo desenvolvido por estes missionários no Cazaquistão, uma antiga república soviética.

Contaram-me que naquele país existe perseguição religiosa, ainda que não declarada e assumida. Num país dominado por 47% de muçulmanos e 44% de ortodoxos russos, os cerca de 2% de protestantes atravessam algumas dificuldadesna sua prática religiosa. E entre os exemplos que me falaram dos testemunhos apresentados, umasimples ideia ficou na minha mente.

Dizem que lá, os colportores têm tarefa extremamente difícil. Tanto assim é que, todas as semanas, há um colportor que sai para o trabalho, e não volta mais... Não mais se lhe descobre o paradeiro, nenhum rasto lhe é possível detetar...

Mas, e isto foi o que mais me fez refletir, por cada um que desaparece, outro surge e lhe toma o lugar!

Tenho visto que as facilidades e comodidades da vida moderna, em particular nos países ditos desenvolvidos e industrializados, são mais vezes obstáculo do que ajuda à propagação do evangelho eterno. Se de provas precisasse, remeteria o leitor para as estatísticas de crescimento da Igreja a nível mundial, comparando o que acontece na América do Norte na Europa e na Austrália, com o que se passa em África, sul da Àsia e América Latina.

Creio que, em meio às bênçãos de paz e segurança que, em alguns lugares do mundo, vamos usufruindo, estamos a falhar no aferir de uma realidade que nos engana e desvia as atenções daquele que deveria ser o foco maior da nossa vida.

Não me restam dúvidas que quando há perseguição e dificuldades, por vezes enormes, esse é, por si, um bom indicador de que a missão está a ser fielmente cumprida e desempenhada pelos servos que Deus coloca nesse lugar. Fomos instruídos de que onde a mensagem de Deus estiver a ser proclamada levando povos a se voltarem para o Senhor, aí haverá perseguição; não poderei, então, concluir o inverso quando tudo parece demasiado em ordem?

Um erro que podemos cometer é confundir a ideia exposta no parágrafo anterior com a de liberdade religiosa, essa conquista pela qual milhares lutaram e deram a vida. Porque a existência de liberdade religiosa não implica que a perseguição à igreja seja um dado com o qual não nos defrontaremos.

Se quando pensámos em perseguição nos vem à mente a cruel espada apontada a qualquer fiel, saiba que formas muitos mais subtis de subversão das liberdades (ou, no mínimo, tentativas)podem existir. Veja este exemplos:
a) um pai que não autoriza a sua filha a frequentar a igreja;
b) um patrão que força os seus empregados a trabalharem ao Sábado;
c) uma autoridade civil que discrimina uma pessoa devido à sua crença religiosa.

No entanto, é indesmentível, pela própria História universal, que sempre que oposição se levanta, quer a tal subtil quer violenta, nunca o processo da missão evangélica é parado, bem pelo contrário. Um imperador romano chegou a admitir que o sangue dos mártires era como semente, pois muitos mais apareciam a tomar-lhes o lugar.

E o que constatamos acontecer quando há o tal conforto e segurança na sociedade em que vivemos? Bom, penso que caímos na rede ardilosa de nos acomodarmos à situação, agindo como se tudo estivesse bem e nada houvesse a temer ou fazer (cuidado: este procedimento leviano é típico de quem é apanhado desprevenido e não preparado quando algo se abate!). E assim, continuamos a lidar no dia-a-dia com a mesma tranquilidade e negligência, deixando que, lentamente, o sentido de missão se enfraqueça, até se tornar uma luz pouco visível... Algoraríssimo de acontecer quando há perseguição!

Lembre-se: em termos de cristianismo, na perspetiva da missão, estagnação é sinónimo de retrocesso!

Devemos manter-nos vigilantes para que as aparências do mundo que nos rodeia não nos ofusquem a visão, e nos levem a perder de vista a missão que Deus entrega a cada Adventista do Sétimo Dia!

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